sábado, 9 de março de 2013

DISTRIBUIÇÃO DE FILMES NO MERCADO BRASILEIRO EM 2012

Fagundes e Schuarts (2009, p. 1) apontam que a indústria do cinema compreende, basicamente, três atividades distintas: produção, distribuição e exibição em diferentes janelas (cinemas, home vídeo (aluguel de vídeos ou dvd e venda desses produtos), pay per view nas TV pagas, exibição nas TV por assinatura e TV aberta.
Para Silva (2010, p. 17), a distribuição é o elo que atua como uma ponte entre o produto (filme), o emissor (diretor) e o receptor (público). A conclusão de um filme permite que o distribuidor defina uma estratégia de convencimento do público a optar por uma forma de fruição do filme.
A distribuição ocorre, em geral, pelo licenciamento de distribuidores pelos produtores de um filme. Esse licenciamento envolve a definição de um território, tempo de distribuição e janela ou janelas que poderão compor a estratégia de distribuição. A estratégia, por sua vez, envolverá a definição de número de cópias, marketing, data de lançamento e política de comercialização.
O mercado brasileiro de distribuição e exibição de filmes é crescente. Em estudo preliminar, recentemente divulgado, a ANCINE informa que o ano cinematográfico de 2012, compreendendo 52 semanas cinematográficas entre a primeira sexta-feira do ano (6 de janeiro de 2012) e a primeira quinta-feira de 2013 (3 de janeiro de 2013), estabeleceu um recorde na arrecadação das salas de exibição, atingindo R$ 1,6 bilhão de reais, crescimento de 12,13% em relação a 2011 (ANCINE, 2013).
Nesse período foram lançados pelas empresas distribuidoras 330 filmes, dos quais 83 eram produções brasileiras. O total de filmes lançados ficou pouco abaixo do ocorrido em 2011, 339 filmes. No entanto, naquele ano o número de filmes brasileiros que entraram em exibição foi de 99, o que significa que em 2012 houve uma queda de 16,2% no número de filmes brasileiros em lançamento. Essa queda refletiu-se na participação dos filmes brasileiros em termos de público e arrecadação das salas de exibição. Em 2011, os filmes brasileiros atingiram 12,4% do público e 11,4% da renda, ao passo que em 2012, os resultados foram 10,6% e 9,7%, respectivamente (ANCINE, 2013).
Além dos lançamentos, as empresas distribuidoras fazem esforços para a continuidade da exibição de filmes lançados em anos anteriores. Segundo os dados em ANCINE (2013), no ano passado foram exibidos 513 filmes, dos quais 136, ou seja, pouco mais de um quarto (26,5%) eram filmes nacionais. O mercado distribuidor de cinema no Brasil é dominado pelas subsidiárias das majors norte-americanas: Fox, Warner, Paramount/Universal, Disney e Sony. As cinco empresas foram responsáveis pela distribuição de dezessete dos vinte filmes com maior bilheteria em 2012. Os dezessete filmes distribuídos pelas cinco empresas dominantes no mercado brasileiro representaram 52,4% da arrecadação do mercado cinematográfico brasileiro em 2012. Entre os vinte filmes de maior bilheteria em 2012, há apenas três filmes brasileiros: Até que a sorte nos separe; E aí, comeu? E Os penetras. Entre os três, apenas o segundo não foi distribuído pelas cinco majors.
As estratégias de distribuição podem assumir diferentes configurações. No estudo de Silva (2010) foi apresentada uma classificação de métodos de distribuição desenvolvidos no mercado brasileiro. A autora utilizou quatro critérios para categorizar as estratégias de distribuição presentes no mercado brasileiro, que orientaram a análise de cinco filmes brasileiros lançados em 2005: Dois filhos de Francisco, Cabra-cega, Cidade baixa, Casa de areia e Cinema, aspirinas e urubus. Os critérios foram: a) número de cópias estabelecido por lançamento; b) estratégias de divulgação que sustentaram o lançamento; c) parcerias estabelecidas; e d) elementos de prestígio baseados na notoriedade de equipe técnica ou atores (SILVA, 2010: P. 86). A utilização desses critérios permitiu a construção de quatro categorias de lançamento resumidas no quadro a seguir.
QUADRO: MODOS DE LANÇAMENTO DE FILMES NO MERCADO BRASILEIRO

CATEGORIA

CARACTERÍSTICAS

Filme para grande escala

Mercado amplo

Lançado por empresa major

Grande número de cópias

Campanha publicitária para atrair maior número de pessoas na semana de lançamento

Baseado no star system, atores ou equipe técnica de prestígio

Filme de nicho

Segmento restrito de público e mercado

Divulgação gradativa para atrair grupos específicos de interesse

Menor número de cópias

Circulação prévia por festivais e mostras

Filme médio

Número de cópias entre 15 e 100

Mistura ações das duas categorias anteriores

Filme para exportação

Buscam excelência internacional antes da carreira no mercado nacional

Tentam obter sucesso em festivais e mostras internacionais

Coprodução de empresas estrangeiras
Fonte: elaborado pelo autor com base em Silva (2010, p. 86-89
ANCINE Agência Nacional do Cinema. Informa de Acompanhamento de Mercado. Disponível em http://oca.ancine.gov.br/media/SAM/dados2012/dezembro/Informe-anual-2012-preliminar.pdf
FAGUNDES, Jorge; SCHUARTZ, Luiz Fernando Defesa da Concorrência e a indústria do cinema no Brasil. 2009. Disponível em ANCINE Agência Nacional do Cinema. Informa de Acompanhamento de Mercado. Disponível em http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/2667.
SILVA, Hadija Chalupe da O filme nas telas – a distribuição do cinema nacional. São Paulo: Ecofalante, 2010.

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